Mês junino: oportunidade de apresentar às crianças a história das comemorações regionais

Cheia de cores, brincadeiras e sabores, a festa junina é uma autêntica celebração popular brasileira com características regionais diferenciadas, como o sotaque caipira, cheiro de milho e o som da sanfona, tornando-se uma grande festa realizada no mês de junho – que, em alguns locais, se estende em julho também.  

Por extrapolar a intenção didática, a psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado acredita que pais e professores devem aproveitar os festejos juninos para inserir nas crianças a alegria da cultura vivenciada de forma única pelo país. “Apresentar as tradições juninas aos pequenos é mostrar um pedacinho da alma brasileira. Ao mergulhar no universo das festas, é possível acessar não só as atividades e os sabores, mas também histórias, crenças e valores de um povo que dança, canta, colhe e celebra junto”, explica.

Para tornar os festejos juninos mais educativos e significativos, é fundamental que os adultos contem histórias da cultura popular para envolver as crianças na construção da festa e explicar os significados das comidas, roupas e músicas típicas. Além disso, a festa junina é uma poderosa ferramenta para fortalecer os laços familiares e o bem-estar emocional. “Ao dançar juntas, preparar quitutes e enfeitar os ambientes, as famílias criam memórias afetivas duradouras e vivenciam um senso de união que a festa, de fato, ‘abraça’”, ressalta a escritora.

Nesse ambiente vibrante, as festas juninas, sejam nas escolas, nas igrejas ou mesmo em casa, transcendem o simples evento e transformam-se em uma rica oportunidade para o desenvolvimento cultural e social do público infantil. “Quando participam da organização, elas ampliam seus repertórios culturais, desenvolvem sentimentos de pertencimento, criatividade e responsabilidade, e fortalecem vínculos com amigos e familiares, e ainda têm a possibilidade de cooperar em jogos e apresentações”, descreve.

Paula, que também é contadora de histórias, frisa que uma outra questão muito valorizada por esse tipo de celebração é o brincar. “Em tempos de tanta tela, a festa junina é uma explosão de movimento corporal e diversão. Brincadeiras ao ar livre, com regras simples, reconecta as crianças à sua essência lúdica e social”, reforça.

A música e a dança desempenham um papel fundamental no desenvolvimento infantil, organizam o corpo no tempo e no espaço, favorecem a percepção auditiva, a expressão corporal e o senso de coletividade. A quadrilha, em particular, é uma verdadeira aula de psicomotricidade, pois trabalha ritmo, lateralidade, sequência, respeito ao espaço do outro, improviso, memória e expressão corporal. E, acima de tudo, proporciona diversão como poucas atividades conseguem!

Ao planejar atividades juninas para crianças, é importante considerar as diferentes faixas etárias. Para os pequenos, atividades como corrida do saco com algum tipo de ajuda para facilitar o equilíbrio, pescaria com ímã, colocar o rabo no burro, dança de roda e pintura de bandeirinhas são ótimas opções. Já para os maiores, a quadrilha com coreografia, argolas, brincadeira da cadeia e correio-elegante podem ser mais adequadas. Todas as atividades, de acordo com a especialista, devem ser adaptadas com segurança e criatividade para garantir a diversão de todos.

Bem-estar

Há muitas formas de aproveitar o que cada arraiá oferece de melhor e se divertir com tranquilidade. Alguns pais preferem locais fechados, outros abertos. Ambos podem ser seguros com supervisão, sinalização, áreas delimitadas e cuidados com alimentação. “Regrinhas simples: hidratação, roupas leves e presença de adultos atentos”, orienta Paula.

Sobre Paula Furtado

Paula é pedagoga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com especialização em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Educação Especial, Arte de Contar Histórias e Arteterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae e Leitura e Escrita, também pela PUC-SP. A profissional já trabalhou como professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental na rede particular de ensino, e já atuou como assessora pedagógica em escolas públicas e particulares.

Paula Furtado atende crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizado. Nesta área da educação, a pedagoga ministra cursos para formação de educadores nas instituições de ensino pública e particular e realiza palestras para pais sobre a importância de contar histórias.

Como autora, Paula completa seu trabalho escrevendo diversos livros infantojuvenis (100 obras até o momento) e, dentro de suas atuações de jornada literária, também foi coordenadora e supervisora psicopedagógica em diversas publicações infantis (Contos de fadas, Lendas e Folclore) com a Girassol Brasil e Mauricio de Sousa. A autora complementa suas atividades escrevendo para diferentes revistas de educação sobre temas pedagógicos, além de trabalhar na criação e patente de Jogos Pedagógicos como: Desafio, Detetive de Palavras, De Olho na Ortografia, dentre outros.